Saúde

Julho de ações contra a hepatite

Evento batizado Mês das Hepatites pretende mobilizar a população em atividades de prevenção e diagnóstico dos vírus

Jerônimo Gonzalez -

A hepatite é uma doença que pode ser silenciosa. Sua principal armadilha é a falta de sintomas - logo, nada mais importante do que a prevenção. E julho é o mês em que a Secretaria de Saúde (SMS) e Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) se unem para alertar a população a respeito da importância de se prevenir e tratar a doença o quanto antes. Testes rápidos, distribuição de material informativo e cursos para enfermeiros e médicos são ações planejadas pelas unidades.

Uma picada no dedo já é suficiente para identificar, em alguns minutos, se a pessoa carrega o vírus ou não. O objetivo do Mês das Hepatites é intensificar o combate a doença, mobilizando a população para realizar o teste e adotar as formas de prevenção. Nos últimos nove anos foram 1.450 pessoas contaminadas no município, conforme dados do departamento de Vigilância Epidemiológica.

No dia 28, sexta-feira, uma equipe da secretaria estará no largo Edmar Fetter, Mercado Público, fazendo um mutirão de testes rápidos. Ao longo do mês materiais informativos serão distribuídos nos postos e os técnicos em enfermagem e médicos da rede receberão curso de atualização sobre a doença. Além disso, a vacina para a hepatite tipo B está disponível para todas as idades e em toda rede pública.

Dados das notificações recebidas pela Secretaria de Saúde (SMS), através de postos e hospitais da rede pública e privada, mostram a incidência do vírus na cidade. De 2007 a 2016 foram 294 pessoas com o vírus A, 195 com o vírus B e 916 com o C. Ao total, foram pelo menos 1.450 diagnósticos de algum tipo de hepatite. A maior incidência é do vírus C, e, em segundo, o A. Especialmente em 2009, quando o município constatou um aumento de casos da hepatite A. "Isso porque naquele ano a população sofreu com uma enchente e rompimento da rede de esgoto no bairro Fragata", explica Maria Regina Gomes, gerente de Vigilância Epidemiológica. O episódio ocasionou a contaminação de pelo menos 230 pessoas contabilizadas pelo setor.

Desde 2014 os testes rápidos estão disponíveis para identificar a hepatite na população pelotense. Caso o resultado for positivo, um exame laboratorial é indicado para confirmação. O teste é oferecido em todas as 50 Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

A hepatite pode se manifestar principalmente através de três vírus, cada um deles carregando uma característica diferente.

Hepatite A
Ocorre através da água, esgoto e alimentos contaminados e a pessoa apresenta sintomas dentro de 15 dias. É a mais fácil de identificar, já que possui uma fase aguda - mas também é a menos recorrente. Febre, cansaço, urina escura, fezes claras e indigestão são alguns dos sintomas. "Mas pode ser que a doença não se apresente dessa forma. Algumas pessoas têm casos assintomáticos, outras simplesmente não percebem", conta. Viver em área sem saneamento básico pode ser um agravante, mas não via de regra, já que também é possível se contaminar através de alimentos. Daí a importância de garantir a prevenção.

Hepatite B e C
São os tipos mais graves e mais frequentes. Ela ocorre através do compartilhamento de sangue e secreções. Os sintomas são silenciosos, difíceis de identificar. Por isso, normalmente o paciente é diagnosticado "de surpresa" através de procedimentos esporádicos, como teste de HIV e exame de sangue. "A hepatite A pode ser tratada e finalizada. Já a B e C podem trazer complicações mais sérias, como a cirrose", alerta Maria Regina. A vacina para o vírus B é feita em três doses, disponível em toda rede pública de saúde.

A boa notícia é que há tratamento, normalmente sendo possível erradicar o vírus caso identificado a curto prazo. Em Pelotas, o acompanhamento é feito gratuitamente pela Faculdade de Medicina da UFPel. O tipo de medicação difere em cada caso. "Primeiro é preciso descobrir o genótipo do vírus e sua quantidade, manifestada em cada um de diferentes formas".

Higiene adequada, camisinha nas relações sexuais e vacinação são as principais formas de se prevenir. A Vigilância Sanitária faz fiscalizações em estúdios de tatuagem e salões de beleza, por exemplo. Lâminas, agulhas, ferramentas de manicure e pedicure são itens que não devem ser compartilhados por mais de uma pessoa.

Maria Alice Rodrigues, coordenadora do Programa Municipal de Hepatites Virais, conta que o Sul do país é a região onde o número de casos é maior. Entretanto, esse dado não necessariamente representa que a doença seja mais frequente aqui. "O que acontece é que no Sul temos mais informação e consequentemente, mais pessoas realizam o teste e são diagnosticadas. Por isso as notificações aumentam. Talvez em outras regiões em que a informação é mais escassa, a incidência seja tão grande quanto aqui, mas menos contabilizada", esclarece. Em todo território nacional a prevalência é de 13 contaminados a cada cem mil pessoas. Já em Porto Alegre o número aumenta para 100.

Números de testes rápidos realizados nos serviços de saúde pública de Pelotas desde sua implementação, em 2014.

Hepatite B
Ano Testes Reagentes (positivo)

2014        1.534                10
2015        1.855                 7
2016        6.806                 9

Hepatite C
Ano Testes Reagentes (positivo)

2014        1.560                30
2015       4.617                 91
2016       7.869               100

 

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